Caríssimos,
Nos próximos dias 6, 7 e 8 de Maio os recriadores históricos portugueses que se prezam como tal estarão presentes na comemoração do Bicentenário da Batalha de La Albuera, que se irá ter lugar na simpática localidade de La Albuera, em Espanha.
Trata-se, sem qualquer dúvida, do maior evento do género que este ano se irá realizar na Península Ibérica, designadamente em termos de número de participantes, tanto mais que a organização não colocou qualquer limite ao número de inscrições.
Trata-se também de uma comemoração importante para a história dos Regimentos nº 11 e nº 23, nos quais quer o GRHMA, quer a ANP, possuem soldados operacionais.
Esta batalha teve lugar no dia 16 de Maio de 1811 e nela participou, designadamente, uma Brigada de tropas portuguesas comandadas pelo Brigadeiro General Harvey, compostas pelos 1º e 2º Batalhões dos dois Regimentos (infantaria de linha) acima indicados, bem como pelo 1º Batalhão da Leal Legião Lusitana (infantaria ligeira), num total de cerca de 3.000 homens.
O feito de armas praticado por esta Brigada, no decurso desta batalha, traduziu-se no facto de a mesma ter sido investida de frente por uma carga de cavalaria francesa (composta por 4 Regimentos de Dragões) sob as ordens de Latour-Maubourg numa altura em que se encontrava disposta em formação linear. Por via de regra, na época a infantaria quando era atacada por cavalaria adoptava uma formação em quadrado, que lhe permitia resistir e repelir a este tipo de ataques.
Normalmente quando uma força de infantaria se encontrava disposta em linha e, por qualquer razão, não conseguia adoptar a formação em quadrado, corria o risco (como sucedeu inúmeras vezes) de ser totalmente aniquilada no campo de batalha pela cavalaria.
Um exemplo: no decurso desta mesma batalha a Brigada Colborne (inglesa) com cerca de 2.000 homens foi carregada de flanco por cavalaria francesa, com Lanceiros polacos à mistura e foi dizimada (1).
Neste caso concreto o que sucedeu foi que a referida Brigada portuguesa demonstrou um completo sangue-frio e não só não foi aniquilada como conseguiu repelir, através de sucessivas descargas de mosquete, um perigoso ataque de cavalaria que colocava em risco o flanco direito de todo o exército luso-inglês, sendo que as tropas portuguesas envolvidas nunca até então tinham participado numa grande batalha.
Este comportamento, em particular, das tropas portuguesas mereceu rasgados elogios por parte dos oficiais responsáveis pelo exército e nós, na data acima indicada, estaremos em La Albuera para mostrar que estes homens não estão esquecidos.
Alma até Almeida!
Pedro Casimiro
(1) Ref. Sir Charles Oman, A History of the Peninsular War, Volume IV.