Caríssimos(as),
Pela primeira vez, os bravos soldados de artilharia do nosso Regimento de Artilharia nº 4 tiveram o grato prazer de se deslocarem a Lisboa, a fim de fazerem uma demonstração alusiva à movimentação e funcionamento de uma peça de artilharia de campanha do início do séc. XIX, usada no decurso da Guerra Peninsular.
E o enquadramento para a realização desta demonstração não podia ser mais perfeito, na medida em que teve lugar no magnífico Castelo de S. Jorge, que proporcionava uma excelente vista sobre a cidade e as adequadas condições acústicas (conforme se veio a verificar...).
Uma vez chegados ao local, os nossos artilheiros apressaram-se a proceder à colocação e posicionamento da nossa peça de artilharia, mais precisamente junto à muralha voltada a poente e direccionada ao centro da cidade de Lisboa, para evitar o risco de que os respetivos disparos passassem despercebidos.
Uma vez que o tempo disponível era escasso e a pólvora disponível era
muita, os nossos soldados puseram de imediato mãos à obra, até porque os
nossos camaradas da
Associação Portuguesa de Recriação Histórica foram os primeiros a dar início às
"hostilidades", por via dos disparos que começaram de imediato a efetuar na respetiva peça de artilharia medieval (denominada Falcão ou
Falconete).
Estamos em crer que as demonstrações realizadas por ambas as associações histórico-culturais foram do agrado dos inúmeros visitantes do Castelo, a esmagadora maioria dos quais estrangeira, tendo constituído uma oportunidade única de reunião de peças de artilharia de épocas históricas distintas no Castelo de S. Jorge, o que proporcionou um enquadramento perfeito para a comemoração do Dia Nacional dos Castelos.
Uma conjugação perfeitamente fortuita de condições atmosféricas favoráveis e de uma ligeira brisa de final de dia, resultou em que os disparos das várias peças de artilharia presentes neste evento tivessem tido um eco e uma repercussão imprevistos na cidade de Lisboa, para as quais muito pouco deve ter contribuído o facto de estarem a ser utilizadas cargas com cerca de 300 gramas de pólvora negra.
Foi possível tirar estas ilações do facto de terem circulado rumores (ainda não confirmados...) no sentido de que os disparos das peças de artilharia estiveram na origem do acionamento de diversos alarmes, em viaturas automóveis e em casas de habitação, designadamente nas zonas circundantes ao Castelo de S. Jorge.
AQUI pode ser visualizado um video de alguns dos disparos realizados.
Estes e outros rumores tiveram a sua origem, muito provavelmente, no facto de a simpática população de Lisboa não estar familiarizada com o troar dos canhões. Em Almeida, por exemplo, os rumores que circulam vão no sentido de que o troar dos canhões é utilizado para adormecer os bébés...
Deve ser a força do hábito...
Foi para nós um prazer colaborar com os nossos camaradas da APRH nesta proveitosa iniciativa histórico-cultural, a quem agradecemos o convite formulado e as atenções e o apoio dispensados no decurso de todo o evento.
Imagens gentilmente cedidas por Sofia Monteiro.
Pedro Casimiro