Caríssimos(as),
No passado sábado a simpática vila de Arouca recebeu, pela primeira vez, a visita de dezenas de recriadores históricos portugueses e franceses, a fim de participarem no evento de recriação histórica que anualmente se realiza nesta localidade.
O mote para esta participação esteve relacionado com a evocação do episódio histórico ocorrido há mais de duzentos, no decurso da chamada Segunda Invasão Francesa, no concelho de Arouca. No decurso do mês de abril de 1809 sucedeu que um destacamento da
Leal Legião Lusitana, comandado pelo capitão Luís Paulino d'Oliveira Pinto de França, conseguiu resistir durante cerca de nove dias e fazer recuar um destacamento de tropas francesas que se dirigia à vila de Arouca, alcançado assim o objetivo de proteger não só as populações do concelho, como também o centenário convento ali existente.
O jardim situado no centro da vila foi o local escolhido para a localização de um pequeno acampamento histórico e que serviu de ponto de reunião dos vários destacamentos histórico-militares presentes.
Existiu uma oportunidade para a realização de uma agradável cerimónia de apresentação e de troca de presentes entre os chefes de grupo e o Executivo Camarário do Município de Arouca, a quem se ficou a dever a organização deste evento.
E aqui podemos ver alguns dos garbosos soldados histórico-militares do Grupo de Reconstituição Histórica do Município de Almeida (GRHMA) que estiveram presentes em Arouca.
Os nossos camaradas de armas da Associação para a Memória da Batalha do Vimeiro (AMBV) também estiveram presentes neste evento, com o seu habitual voluntarismo e espírito de colaboração.
Os nossos camaradas franceses da Garde Chauvin, liderados pelo nosso amigo Daniel Dieu, também marcaram presença neste evento, o que fizeram depois de uma viagem rodoviária de cerca de 15 horas, desde França até Arouca!
O ponto alto deste evento esteve associado à recriação de diversos quadros históricos no centenário convento de Arouca, relacionados com a vida diária e as mais diversas atividades desenvolvidas habitualmente pelas freiras nesse espaço.
Todavia, por razões que a razão teve alguma dificuldade em compreender, a organização do evento colocou limitações à visita destes espaços por parte de recriadores históricos portadores dos seus uniformes de época.
Ainda tentamos explicar que os recriadores históricos eram perfeitamente inofensivos e que as inocentes e delicadas freiras nada tinham a temer, mas de nada valeu...
Existia ainda neste espaço, sob a responsabilidade da organização do evento, um pequeno destacamento de figurantes histórico-militares, que desenvolveu um conjunto de atividades de animação junto do público.
Fizemos o possível para, no decurso do evento, chamar a atenção da organização para os evidentes anacronismos e deficiências existentes ao nível do fardamento e do equipamento destes figurantes, numa perspetiva pedagógica e contribuição para o aperfeiçoamento desta vertente do evento.
Uma das atividades desenvolvidas pelos membros do GRHMA teve a ver com uma pequena demonstração de danças oitocentistas, nas quais os elementos civis e militares são os maiores especialistas nacionais!
O outro ponto alto deste evento esteve associado aos combates histórico-militares, que animaram a vida noturna da vila de Arouca!
Nesta perspetiva, os soldados histórico-militares portugueses presentes neste evento procuraram dignificar e fazer justiça à memória dos nossos antepassados, recriando com fidelidade os uniformes e as manobras táticas em uso no início do séc. XIX, que sem dúvida foram também utilizados pelos soldados da Leal Legião Lusitana no decurso da defesa de Arouca, em abril de 1809.
Os nossos artilheiros também deram o seu contributo habitual para este evento, impedindo designadamente que, no decurso dos combates histórico-militares, qualquer habitante da vila de Arouca tivesse sequer a veleidade de ter um sono repousado.
Os aguerridos elementos do nosso Departamento Civil não quiseram deixar os seus créditos por mãos alheias a apresentaram-se ao "combate", prontas para tudo e com elevada energia e motivação!
Apesar dos sucessivos e determinados ataques dos soldados franceses, foi possível aos nossos soldados aguentar a linha de defesa de Arouca e repetir o mesmo sucesso de há duzentos anos!
Mas nem só de combates se fazem as recriações históricas!
É sempre agradável arranjar uma oportunidade para pôr a conversa em dia, de preferência acompanhada por um copo de uma boa sangria à moda de Arouca...
E assim terminou mais uma participação destes membros da Associação Napoleónica Portuguesa num evento histórico-cultural que, sem dúvida, possui muitos méritos, a vários níveis.
Oxalá que esta nossa participação neste evento possa contribuir para que, num futuro próximo, a respetiva organização dedique mais algum tempo e atenção à vertente histórico-militar do mesmo, de molde a conferir ainda mais rigor e qualidade à recriação histórica realizada em Arouca.
É devido um reconhecimento especial a todos os recriadores históricos portugueses que se disponibilizaram a participar neste evento, que representou um esforço acrescido pelo facto de se seguir ao exigente evento recentemente realizado no Vimeiro.
Tratou-se de mais um exemplo da generosa disponibilidade de que existe, no sentido de uma participação ativa em eventos de divulgação cultural, que exige verdadeiramente atos e esforço, mais do que meras palavras ou intenções, para produzir resultados.
É também devido um reconhecimento especial aos nossos camaradas e amigos franceses, que em pleno tempo de férias, se disponibilizaram a percorrer milhares de quilómetros e enviar um destacamento a Portugal, assim contribuindo para abrilhantar o evento de Arouca.
On vous attend a tous a Almeida!
Autoria das imagens:
Carlos,
AMBV,
Arouca,
Histoarts.
Pedro Casimiro