Caríssimos(as),
E que tal o desenvolvimento de processos de gamificação, associados ao desenvolvimento do turismo histórico-militar?
A princípio pode soar estranho, mas talvez esta seja uma ideia com futuro, ao nível da criação de estratégias inovadoras, e fidelizadoras, em sede do desenvolvimento turístico.
Conforme vêm referindo alguns investigadores, vivemos num universo predominantemente digital, em que as pessoas buscam, com alguma avidez, experiências singulares e únicas, cujo envolvimento resulte em estímulos multisensoriais, o que muitas vezes é possível encontrar na chamada realidade virtual, ou nas chamadas narrativas transmediáticas.
É neste contexto que se vem assistindo a uma cada vez maior e diversificada utilização de aplicações e dispositivos móveis (ex: realidade aumentada) com múltiplas finalidades, em especial e na parte que aqui interessa, em viagens e turismo.
Aplicados ao turismo, os processos de gamificação, também apelidados de visitas-jogo, podem ser utilizados como instrumentos privilegiados ao nível da descoberta de monumentos e de localidades, da respetiva história, bem como dos respetivos antecedentes culturais e sociais.
Podem também ser usados como instrumentos para o visitante (i.e. turista) criar novas interpretações e narrativas, necessariamente individuais e personalizadas, associadas a esses mesmos monumentos e localidades.
Estamos, por isso, perante aquilo que pode ser encarado como uma ferramenta de mediação, que se destina a contribuir para aproximar o património (material e imaterial) do público em geral, numa perspetiva lúdica, mas que também pode e deve ter componentes didáticas e até mesmo pedagógicas.
Nesta perspetiva e pressupostos, haverá um campo de aplicação mais apropriado para este tipo de dinâmica do que o turismo histórico-militar, enquanto vertente do chamado turismo cultural?
A pergunta, como já devem ter adivinhado, é absolutamente retórica, porquanto a resposta só pode ser positiva.
Portugal, com o seu riquíssimo e quase milenar património histórico-militar, possui um potencial invejável a este nível, que pode ser modelado e apresentado ao chamado turista cultural, na forma de um produto turístico simultaneamente singular e apelativo, suscetível de contribuir para o desenvolvimento económico de múltiplas regiões do nosso país, em especial das mais periféricas.
Um (entre outros) exemplo interessante que pode ser citado nesta temática é o jogo "Portugal 1111 - A conquista de Soure", que foi desenvolvido no ano de 2004 e resultou de uma parceria entre o Município de Soure, investigadores da Universidade de Coimbra e uma empresa de multimédia.
E sem dúvida que múltiplos concelhos da raia, como o concelho de Almeida, possuem todos os necessários requisitos, enquanto localidades detentoras de patrimónios históricos abrangentes e diversificados, que podem servir de base para a criação de produtos turísticos desta natureza, em especial nos períodos das Invasões Francesas e da Guerra da Restauração, mediante a criação de plataformas digitais potenciadoras do turismo histórico-militar.
Talvez esta seja mais uma possibilidade para o desenvolvimento de mais parcerias publico-privadas, em benefício das nossas regiões do interior, belíssimas, mas periféricas.
Pedro Casimiro