quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O Soldado Caçador Português do início do sec. XIX: descodificação do fardamento.


Caríssimos(as),


Os Batalhões da Caçadores integrados no Exército Luso-Britânico da época da Guerra Peninsular podem justamente ser apelidados de tropas de elite, em especial os dois batalhões que estavam integrados na famosa Divisão Ligeira (que eram os Batalhões de Caçadores nº 1 e nº 3), que foi precisamente uma das unidades de elite deste exército, pois raramente era colocada na reserva, estando normalmente na primeira linha dos combates (na Batalha de Salamanca -22-7-1812- registou-se precisamente uma destas exceções à regra, tendo a Divisão Ligeira ficado na reserva).


As unidades portuguesa que estavam integradas na Divisão Ligeira eram os Batalhões de Caçadores nº 1 e nº 3 (o excelente Regimento de Infantaria nº 17 também esteve integrado nesta Divisão).

As fardas dos Caçadores eram confecionadas com um robusto tecido castanho, na altura denominado “saragoça”, hoje denominado “sorrobeco”.
Ao tempo da sua criação, no ano de 1808, as casacas dos Batalhões de Caçadores eram debruadas a tecido verde e no peito tinham alamares em cordão amarelo, com 24 botões amarelos, em três fileiras de oito botões, sendo que somente a fileira do meio abotoava, as barretinas eram do modelo português de 1806, tendo o numero do batalhão aberto numa chapa de latão acima da pala, como a tropa de linha, e por cima desta uma corneta em latão, símbolo dos caçadores.

O penacho era usado lateralmente, por cima do laço nacional, sendo de cor verde para as companhias de fuzileiros e cor preta para as companhias de atiradores. Os cordões das barretinas assim como as respetivas borlas, eram verdes. As companhias de atiradores usavam, no bordo das platinas, franja em lã de cor verde.

No Inverno as calças eram de tecido igual à da casaca e no Verão podiam usar calça em linho branco de palha (ou cor marfim).

 

Imagem com soldados do Batalhão de Caçadores nº 6, com farda do modelo 1811, nos primórdios da Associação Napoleónica Portuguesa (2008), onde se incluíam os seguintes elementos (da esquerda para a direita): Rui Ramos, João Maia, Pedro Casimiro e António Viana (todos excelentes operacionais).
Á frente deste destacamento podemos ver o nosso amigo Faria e Silva, que sozinho e de sabre na mão, conseguiu afugentar dezenas de franceses!

Entre 1809 e 1810, o fardamento dos Caçadores sofreu várias alterações (à semelhança do que sucedeu com a infantaria de linha), fruto de condicionalismos económicos e logísticos. No ano de 1811 o número de Batalhões da Caçadores passou de 6 para 12, sinal claro do valor e importância operacional deste tipo de unidades militares.

Continuou a utilizar-se o mesmo tecido na confeção das fardas, no entanto estas passaram a ser debruadas a tecido preto, os alamares passaram a ser em cordão preto assim como os botões passaram a ser pretos, no entanto o número de botões e alamares manteve-se.
A barretina foi substituída pelo modelo inglês “stovepipe”, deixando de utilizar-se a chapa identificativa do batalhão, semelhante à da tropa de linha, para ter somente corneta em latão encimada pelo número do batalhão, feito com o mesmo metal (latão).

Deixaram de existir, na barretina, os cordões e borlas. O penacho passou a ser usado na parte superior frontal da barretina, assim como o laço nacional. As cores do referido penacho mantiveram-se, para distinguir as companhias de fuzileiros, das companhias de atiradores, continuando estes últimos a utilizar franja de lã de cor preta no bordo das platinas.

Deste modo, os sinais distintivos da Companhia de Atiradores, dentro do Batalhão de Caçadores, eram a utilização da franja de lã preta no bordo das platinas e a utilização do rifle Baker, como arma principal (as restantes companhia utilizavam o mosquete Brown Bess), com talabartes específicos e um sabre-baioneta.



Faria e Silva e Pedro Casimiro



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