Caríssimos(as),
No passado fim de semana teve lugar na belíssima cidade de Burgos aquele que, muito provavelmente, foi o maior evento de recriação histórica este ano se irá realizar na Península Ibérica, tendo contado com a presença de mais de 600 recriadores históricos, vindos dos mais diversos países europeus.
Tratou-se de um evento com uma dimensão assinalável, adequado à comemoração pretendida realizar e que a cidade de Burgos bem mereceu, pelo vastíssimo património histórico-cultural de que é detentora, designadamente na vertente associada às chamadas Guerras Napoleónicas, usualmente apelidada em Espanha de Guerra de la Independencia Española.
E para participar neste evento valia tudo!
Nas duas imagens supra é possível avaliar os esforços, em termos de transporte, feitos pelos recriadores históricos mais jovens, para chegarem a tempo a este evento...
Para os portugueses, como sempre, havia muitas tarefas para fazer, à chegada (sexta-feira, dia 10 de junho), desde logo associadas à descarga dos transportes e à montagem do acampamento histórico.
Sendo que, uma das tarefas mais importantes estava associada à confeção da refeição.
Por motivos que desconheço, um dos "pratos" mais populares, em termos de refeições confecionadas em acampamento histórico, é o Rancho. Da minha parte, é sempre preciso fazer um certo esforço para comer Rancho, mas é um sacrifício que faço de boa vontade, em prol do grupo...
E aqui podemos ver uma outra variante do "menu" que utilizamos no acampamento histórico: salsichas com feijão, marinadas em lume brando, à fogueira.
A particularidade que teve esta refeição foi o facto de ter sido oferecida às tropas ao pequeno-almoço, complementada com um bom copo de vinho tinto...
Já o nosso soldado Tó Soares parece que ficou tão desgostoso com os "menus" oferecidos, que decidiu pegar no seu mosquete e tentar "caçar" alguma coisa mais apetitosa nos bosques circundantes do acampamento, mas parece que teve pouca sorte...
Por seu lado, as senhoras do departamento civil do GRHMA estavam sempre alegres e bem dispostas!
Aqui podemos ver a Paulinha, a experimentar o bicórnio do nosso coronel de engenharia, para ver se combinava bem com o seu fardamento civil...
As senhoras do nosso departamento civil têm sempre uma tarefa muito importante, nos eventos em que participamos, associada à distribuição de folhetos promocionais relativos à vila de Almeida e ao nosso evento anual de recriação histórica, o Cerco de Almeida.
Outra tarefa fundamental dos elementos do mesmo departamento civil está associado à necessidade de dar resposta a imperativos capilares, como é o caso daqueles que estão associados à confeção de tótós...no cabelo...
Enquanto que os elementos mais afortunados tiveram mesmo direito a receber umas massagens musculares de relaxamento, pois até nas recriações históricas existem situações de stress, que é preciso ajuda para ultrapassar...
Já os nossos amigos e camaradas da AMBV não perdiam uma oportunidade para exibir a excelente bandeira de que são detentores, alusiva ao Regimento de Infantaria nº 19.
Inspeções e mais inspeções! Como é sabido, para certas coisas os soldados tendem a seguir sempre o caminho mais fácil, pelo que é necessário que os oficiais estejam atentos a todos os pormenores.
E para isso nada melhor que uma boa inspeção às tropas em formatura!
O evento começou com uma cerimónia numa praça junto à fantástica Catedral de Santa Maria de Burgos, com a presença de todos os grupos e recriadores históricos participantes.
Onde, como é óbvio, também esteve presente a delegação portuguesa, composta por elementos militares e civis do GRHMA e da AMBV.
E claro está que a presença e participação das primorosas Damas portuguesas tornou esta recriação histórica num evento verdadeiramente inesquecível!
Aqui podemos ver os nossos bons camaradas e amigos da Garde Chauvin, liderados por Daniel Dieu, que também estiveram presentes neste evento e com quem trocamos alguns presentes.
Alguns representantes dos grupos presentes foram recebidos pelo Exmo. Alcaide de Burgos, numa amável cerimónia realizada no emblemático edíficio situado junto ao Arco de Santa Maria.
Uma vez mais, a parte mais apetecível do evento foram os combates! E que combates!
Na imagem supra podemos visualizar o contingente português em marcha para o campo de batalha, através de montes e vales.
E aqui temos a Brigada de Infantaria, onde esteve integrado o contingente português, acompanhados dos nossos bravos camaradas e amigos das Astúrias, do regimento inglês nº 42, de Tenerife e, por vezes, dos nossos amigos de Aragão.
Esta unidade de infantaria prestou um serviço coordenado e eficaz no campo de batalha, tendo despertado o temor nos soldados adversários!
Aqui podemos ver o contingente português de perfil, em que temos oportunidade de visualizar o nosso soldado porta-bandeiras, recentemente batizado de "Tózinho".
O comandante do GRHMA, como habitual, esteve sempre presente nos locais onde decorriam os combates mais violentos...
O General francês não deixou o seus créditos por mãos alheias e assaltou pessoalmente e por diversas vezes as linhas do exército aliado (português, inglês e espanhol).
Enquanto que a infantaria francesa fez um fogo nutrido, para tentar evitar o inevitável...
Aqui podemos ver em primeiro plano os soldados ingleses do 95th Rifles e ao fundo, semi-ocultada pelo espesso fumo do campo de batalha, a bandeira que assinalava o assalto às fortificações feito pelas unidades portuguesas.
Os nossos camaradas do 42nd Foot também tiveram a tarefa de assaltar sucessivamente as fortificações adversárias, o que por vezes se revelava um pouco difícil fazer de saias...
However, as they say, practice makes perfect...
E cá estão alguns dos elementos da AMBV, a recuperar as forças antes do próximo assalto às linhas adversárias.
Aqui podemos ver os nossos amigos do regimento francês 3ème de Ligne, juntamente com o nosso estimado camarada Jean-Yves, que já não encontrávamos no campo de batalha há alguns anos!
E cá estão os nossos amigos marinheiros da Guarda Imperial Francesa!
Os nossos artilheiros do Regimento de Artilharia nº 4, acompanhados de alguns artilheiros "convertidos" do RI nº 19, também não deixaram os seus créditos por mãos alheias, e dedicaram-se a demolir, a tiro de canhão, as fortificações da cidade de Burgos.
O que, aliás, nem se revelou difícil pois, como podemos ver na imagem supra, as nossas peças de artilharia estão tão bem "treinadas", que até disparam sozinhas...
Monumento com placas evocativas, em homenagem aos mortos em combate, no
decurso do Cerco de Burgos de 1812. A placa patrocinada pela delegação
portuguesa situa-se no canto superior esquerdo.
Quer
o GRHMA, quer a AMBV, responderam favoravelmente à proposta de
elaboração de uma placa evocativa, lançada pela organização deste
evento, tendo suportado o custo correspondente à respetiva elaboração,
para colocação no referido local e para que fique a constar que também
ali houve soldados portugueses que tombaram ao serviço da Pátria.
Uma
vez mais, é devido um agradecimento e um reconhecimento muito especial
ao nosso sargento Joaquim Guedes que, em poucos dias e com muito
trabalho, conseguiu apresentar uma excelente placa para colocação no
referido monumento.
A cerimónia de inauguração do referido monumento marcou o encerramento deste evento, com a presença de todas as unidades participantes em parada, junto ao Castelo de Burgos.
E aqui podemos ver uma das fotos mais emblemáticas deste evento, em que todos os elementos do contingente português rodearam o monumento inagurado no final do mesmo, onde foram colocadas placas evocativas, em homenagem aos soldados que cairam em combate, no decurso do Cerco de Burgos de 1812.
Alma até Almeida!
Pedro Casimiro
P.S.: As fotos colocadas são da autoria da nossa fotografa oficial, a.k.a. Paulinha e dos nossos amigos
Jordi Bru e
Valischka, tendo ainda algumas imagens sido retiradas das páginas oficiais do facebook do evento de
Burgos e da
AMBV.