segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

O Soldado de Artilharia Português do início do sec. XIX: descodificação do fardamento.


Caríssimos(as),

Por último, mas não em último, impõe-se a divulgação de informações técnicas relacionadas com o fardamento do soldado de artilharia que prestou serviço no Exército Português, no decurso da Guerra Peninsular.

Apesar de ser constituído apenas por 4 regimentos, o corpo de artilharia português prestou um serviço precioso e relevante neste conflito bélico, o qual foi sucessivamente reconhecido, designadamente pelo comando superior do Exército Luso-britânico.


(destacamento histórico-militar do Regimento de Artilharia nº 4, do GRHMA)

Tal como sucedia com a Infantaria e com a Cavalaria, os regimentos de artilharia estavam distribuídos por 3 divisões territoriais, pertencendo o Regimento de Artilharia nº 1 à Divisão Centro, os Regimentos nº 2 e nº 3 à Divisão Sul e o famoso Regimento de Artilharia nº 4 à Divisão Norte.

Para quem ainda não percebeu, uma das unidades recriadas pelo GRHMA é, precisamente, o Regimento de Artilharia nº 4!

À semelhança do que sucedia com as demais unidades integradas no Exército Português, também o fardamento dos regimentos de artilharia era confecionado em tecido de lã azul-escura (denominado azul prussiano ou azul ferrete).

O forro das casacas era de cor vermelha, sendo também dessa cor os vivos das mesmas. As casacas abotoavam à frente, com uma fileira de oito botões amarelos e que tinham, em baixo relevo, o número do regimento.

As barretinas usadas inicialmente eram do modelo português de 1806, tendo o número do regimento aberto, numa chapa de latão, por cima da pala e acima desta uma chapa oval com as Armas Reais, em alto-relevo.

O penacho (também designado pluma) da barretina era usado lateralmente, tendo na base o laço nacional, entrelaçado de cor azul e vermelha e os cordões, com borlas, eram feitos em lã, também, com as mesmas cores azul e vermelha.

No Inverno, as calças (também designadas pantalonas) eram de cor azul, feitas em tecido igual ao da casaca (lã). No Verão podiam ser usadas calças em linho branco cor de palha (cor marfim).

A partir dos anos de 1809 e 1810, com a chegada dos aliados ingleses e tendo e conta as contingências existentes ao nível da logística e abastecimentos, as barretinas foram gradualmente sendo substituídas pelo modelo inglês "stovepipe", mantendo a mesma tipologia a nível dos metais, mas deixando de existir, na barretina, os cordões e as borlas. Por seu lado, o penacho passou a ser usado na parte superior frontal da barretina, assim como o laço nacional.


Faria e Silva e Pedro Casimiro




quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

O Soldado de Cavalaria Português do início do sec. XIX: descodificação do fardamento.


Caríssimos(as),

Tendo o nosso amigo e Presidente da ANP, Eng. Faria e Silva, escutado o apelo de colaboração que foi enviado, vamos ter a possibilidade de colocar aqui mais um post que contém algumas informações interessantes de natureza histórico-militar, desta vez relacionadas com a arma de cavalaria, para complementar as anteriores publicações relativas à Infantaria e aos Caçadores.

Tal como sucedeu com a Infantaria, na sequência da reorganização do Exército Português realizada no ano de 1806 (Decreto de 19 de Maio de 1806), os regimentos de cavalaria estavam distribuídos por Divisões Militares (Norte, Centro e Sul), sendo perfazendo um total de 12 regimentos.


Na imagem supra podemos ver o nosso camarada Jóni Pires, com o seu fardamento do Regimento de Cavalaria nº 11, unidade esta que esteve também aquartelada na fortaleza de Almeida, no decurso da Guerra Peninsular, sendo por esse motivo este regimento também recriado pelo Grupo de Reconstituição Histórica do Município de Almeida.

Este foi um dos regimentos que sofreu as vicissitudes decorrentes da Primeira Invasão Francesa (1807), tendo sido licenciado em dezembro de 1807 e apenas restabelecido como unidade operacional no mês de outubro de 1808.

As fardas dos Regimentos de Cavalaria eram igualmente confecionadas com tecido de lã azul-escuro (azul prussiano ou azul ferrete). As casacas eram debruadas da mesma cor dos forros, consoante a Divisão a que pertenciam os regimentos, nos termos explanados no quadro supra. No caso do nosso Regimento de Cavalaria nº 12, as golas e os punhos são de cor azul celeste e o debrum é de cor vermelha, que é também a cor do forro da casaca.

As casacas abotoavam à frente, com uma fileira de 8 botões amarelos, os quais tinham, em baixo relevo, o número do regimento.

Os cascos (capacetes) dos cavaleiros (ilustrados na imagem supra) eram inicialmente do modelo 1806, tendo o número do regimento aberto numa chapa oval, feita em latão, colocada logo acima da pala.

O penacho ou pluma do casco era de cor vermelha, sendo usado lateralmente, tendo na base o laço nacional de cor azul ferrete e de cor vermelha. Os cordões possuíam borlas e eram feitos de lã, com duas cores entrelaçadas, sendo a cor base o azul ferrete e a cor variável a correspondente à Divisão territorial a que o regimento pertencia [ou seja, vermelho (Divisão sul), branco (Divisão centro), ou amarelo (Divisão norte)].

Os cavaleiros usavam botifarras de montar e calções, que apertavam logo abaixo do joelho e que, no inverno, eram de tecido igual ao da casaca (lã, de cor azul ferrete) e no verão podiam usar calções em linho branco de palha (cor marfim).

A partir dos anos de 1810 e 1810, com a chegada dos aliados ingleses e com a integração das tropas portuguesas no Exército Luso-Britânico, razões logísticas e de abastecimento ditaram que vários regimentos de cavalaria portugueses passassem a utilizar uma barretina do tipo "bell top shako", semelhante à usada por alguma cavalaria inglesa, mantendo no entanto a mesma tipologia ao nível dos metais. Neste caso, o penacho e o laço nacional passavam a ser colocados na parte superior frontal da barretina.


Faria e Silva e Pedro Casimiro




terça-feira, 20 de novembro de 2018

"Los Sitios de Astorga - 3 Naciones" (dias 13 e 14 de outubro de 2018) - Reportagem fotográfica (2)

 

Caríssimos(as),

Para que não fique a impressão de que ao evento de Astorga só estiveram associadas danças e bailes, venho deixar-vos algumas imagens dos combates histórico-militares que nele foram realizados.

E que combates!


A artilharia portuguesa em ação.

Gostaria de poder afirmar que os combates começaram com a habitual preparação de artilharia, mas a verdade é que, devido a um erro do ordenança encarregue da transmissão de ordens superiores, a artilharia ficou colocada numa parte remota do campo de batalha, tendo "guardado" os seus cartuchos para os combates urbanos.



E depois, como é óbvio, quem "sofreu" foram os vidros das habitações da típica localidade Castrillo de los Polvozares, em cujas ruas decorreram duríssimos combates urbanos!

Aliás, é nesta localidade que é possível provar uma fantástica especialidade gastronómica local, chamada Cocido Maragato, do qual, infelizmente, só tivemos oportunidade de provar a "fama", pois o proveito ficou para outros...



Por seu lado, os valentes infantes do GRHMA não deixaram os seus créditos por mãos alheias!

Juntamente com os nossos camaradas da AMBV, foi formada uma Brigada de Infantaria que impôs o devido respeito no campo de batalha, sendo conspícua pela sua operacionalidade e mobilidade, durante as cerca de 3 (três) horas de duração da batalha de sábado à tarde.


E, como não podia deixar de ser, o nosso destacamento de caçadores também fez justiça à reputação de agressividade dos nossos antepassados desta arma, inspirando respeito e temor nos franceses!

Na imagem supra podemos ver o nosso camarada Rui Silva, que para além de ser um soldado histórico-militar de elite, é um membro assíduo e dedicado do GRHMA, estando sempre disponível para trabalhar com zelo e dedicação em prol do Grupo.

Ainda bem que podemos contar contigo Rui!


E franceses havia, e muitos!



Nas imagens supra podemos ver os nossos camaradas marinheiros da Garde Chauvin (Ouvriers Militaires de la Marine, Bataillon de Rochefort), que eram, sem margem para dúvidas, uma das unidades mais experientes e com maior qualidade operacional presentes neste evento (do lado francês...), liderada pelo nosso caríssimo amigo Daniel Dieu.
 

Uma vez terminados os combates, tivemos o prazer de trocar saudações com estes nossos camaradas franceses, com os quais temos um compromisso formal de amizade e de auxílio recíprocos, que perdura já há vários anos.


Como é evidente, estiveram presentes neste evento variadíssimas e excelentes unidades histórico-militares espanholas, tais como o Regimento de Voluntários de Aragon, à frente da qual podemos aqui observar o nosso querido amigo Miguel Bonmati, que é um companheiro de muitos anos dos campos de batalha histórico-culturais.


E aqui está uma das visões que faz tudo valer a pena: observar Bandeiras Portuguesas a drapejar ao vento, em pleno campo de batalha histórico-cultural.


Para combater e sobreviver aos rigores dos campos de batalha, os soldados precisam de toda a inspiração que puderem!

Um dos fatores que muito "inspirou" vários soldados presentes neste evento foi esta simpática princesa polaca, que se dedicou a espalhar beleza por Astorga...

Autoria das imagens: Carlos Marques, Valishka, Histoarts, Jordi Bru.


Pedro Casimiro



quarta-feira, 14 de novembro de 2018

IV Encontro Regional de Técnicos de Turismo (10-11-2018) em Condeixa-a-Nova, Museu Monográfico de Conímbriga.


Caríssimos(as),

Conforme estava previsto, no passado sábado realizou-se o 4º Encontro Regional de Técnicos de Turismo, na acolhedora e cheia de História vila de Condeixa-a-Nova.

Tratou-se de um evento muito interessante, onde foi tratado um conjunto de temas relevantes ao nível da temática da promoção e ativação do património cultural para fins turísticos, tendo designadamente em conta o facto de que em 2018 se celebra o Ano Europeu do Património Cultural.

A minha intervenção e participação esteve integrada no V Painel, associado à temática "Património Histórico-Militar e Turismo", que contou com a presença de vários e ilustres oradores, entre os quais se incluiu o nosso já conhecido e amigo Sr. Coronel Luís Sodré de Albuquerque, Exmo Diretor do Museu Militar de Lisboa.

Como vem sendo habitual, a minha intervenção consistiu numa dissertação sobre a temática das recriações históricas e da respetiva relevância ao nível da promoção do chamado Turismo Histórico-Militar, com especial ênfase no exemplo e projeto de promoção histórico-cultural que vem sendo desenvolvido pelo Município de Almeida com a colaboração do GRHMA, já há mais de uma década, no concelho de Almeida.

Também como vem sendo habitual, a minha intervenção despertou um interesse considerável, designadamente da parte de diversos responsáveis municipais em cujos concelhos existe um património histórico-cultural associado à chamada Guerra Peninsular, e em especial do próprio Município de Condeixa-a-Nova, onde já se encontra em fase avançada um projeto de criação de um grupo de reconstituição histórica.

E tem sido assim, passo a passo, que vem sendo possível coordenar e desenvolver um projeto de promoção e de divulgação histórico-cultural, com real e efetivo impacto económico e social, em benefício de várias localidades do nosso país!


Pedro Casimiro



terça-feira, 30 de outubro de 2018

Evento: La Sorpresa de Arroyomolinos (dias 27 e 28-10-2018) - Reportagem fotográfica

Caríssimos(as),

Pelo terceiro final de semana consecutivo, registou-se uma participação dos(as) generosos(as) elementos do GRHMA em mais um evento histórico-cultural, que se traduziu em mais uma oportunidade para promover e divulgar quer o concelho de Almeida, quer a História de Portugal!


Em resposta ao amável convite endereçado pelos(as) nossos(as) amigos(as) recriadores históricos da simpática localidade espanhola de Arroyomolinos, marcamos presença no respetivo evento anual, evocativo do chamado Combate de Arroyo de Molinos, ocorrido no dia 28 de outubro de 1811.


A habitual cerimónia evocativa que marcou o início do evento contou com a presença de autoridades civis e militares, para além dos vários grupos de reconstituição histórica presentes neste evento.

 

Esta cerimónia ficou marcada, além do mais, pelo descerrar de uma placa evocativa do famoso Regimento de Infantaria Inglesa 71st (Highland) Regiment of Foot, que teve um proeminente papel neste combate.

Num gesto relevante e digno de nota, as autoridades e a população de Arroyomolinos entenderam por bem deixar este marco para a posterioridade, mais de 200 anos depois da passagem dos homens que integravam esta unidade militar por terras tão distantes da sua pátria e onde muitos deles perderam a sua vida.

Mais uma vez fica confirmado o famoso adágio de Benjamin Disraeli, no sentido de que o legado dos heróis é a memória de um nome ilustre e a herança de um grande exemplo.

 

Como vem sendo habitual, para além do GRHMA esteve presente neste evento um forte contingente português, com elementos da Associação para a Memória da Batalha do Vimeiro, do Batalhão de Artilharia do Sobral e da Guerrilha de Montagraço, sinal claro da ligação e da amizade que existe entre os recriadores históricos portugueses e os nossos(as) companheiros(as) de Arroyomolinos.

Autoria das imagens: Armando Rui, Acr Treze de Setembro.


Pedro Casimiro



quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Evento: La Sorpresa de Arroyomolinos: dias 27 e 28 de outubro de 2018



Caríssimos(as),

Descansar é para quem pode, o que não é o caso do GRHMA!

Na verdade, um número razoável dos nossos elementos civis e militares mostrou-se disponível para fazer mais um esforço, no sentido de, pelo terceiro fim de semana consecutivo, embarcar em mais uma aventura histórico-cultural, dando resposta ao amável convite enviado pelos(as) nossos(as) amigos(os) de Arroyomolinos de Montánchez, para participar no seu evento anual, que se destina a evocar o memorável Combate de Arroyo de Molinos, ocorrido no dia 28 de outubro de 1811, no qual as tropas portuguesas integradas no exército luso-inglês tiveram um papel relevante.


A particularidade deste combate esteve associada ao facto de o comandante das forças luso-inglesas (Tenente-general Sir Rowland Hill), após ter tido conhecimento do posicionamento de um forte destacamento francês na localidade espanhola de Arroyo de Molinos, ter optado por fazer um ataque  a esse destacamento a partir da localidade de Alcuescar na madrugada do dia 28 de outubro de 1811, numa noite chuvosa e muito tempestuosa. Este foi essencialmente o motivo pelo qual o destacamento francês (sob o comando do General Jean-Baptiste Girard) foi apanhado de surpresa e ter sido totalmente desbaratado pelas forças luso-inglesas.


Daí a designação deste evento como La Sorpresa de Arroyomolinos!


Pedro Casimiro


quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Evento: IV Encontro Regional de Técnicos de Turismo: dias 9 e 10 de novembro de 2018, em Condeixa-a-Nova (Museu Monográfico de Conímbriga)


Caríssimos(as),

Entre os próximos dias 9 e 10 de novembro vai realizar-se em Condeixa-a-Nova, nas instalações do Museu Monográfico de Conímbriga, o IV Encontro Regional de Técnicos de Turismo, cujo tema principal será "Património e Turismo".

Em resposta ao amável convite endereçado pela organização deste evento, irei comparecer como orador no mesmo, em representação da Associação Napoleónica Portuguesa (ANP), com vista à apresentação do tema "A recriação histórica enquanto fator de promoção turística, cultural e de cidadania".

Esta apresentação irá ser feita no dia 10 de novembro, por volta das 09.30 horas.

Será, portanto, mais uma oportunidade para divulgação do trabalho que vem sendo desenvolvido pela várias associações de recriação histórica que integram a ANP, em especial o importante trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Grupo de Reconstituição Histórica do Município de Almeida que, em conjugação e coordenação do o próprio Município de Almeida, foi e continua a ser pioneiro ao nível da conjugação entre a promoção e a divulgação do património histórico-cultural associado às chamadas Invasões Francesas e a promoção e desenvolvimento turístico do concelho de Almeida.


Mais informações acerca deste evento, bem como a inscrição no mesmo, podem ser feitas AQUI.


Mais um evento a não perder!


Pedro Casimiro



terça-feira, 23 de outubro de 2018

Comemoração do Dia Nacional das Linhas de Torres, Sobral de Monte Agraço, dia 20-10-2018: Reportagem fotográfica


Caríssimos(as),

No passado final de semana tivemos a oportunidade de visitar, pela primeira vez, o fantástico FORTE DO ALQUEIDÃO, a fim de colaborar com os nossos(as) camaradas e amigos(as) do Batalhão de Artilharia do Sobral e da Guerrilha de Montagraço, integrados na Associação de Cultura e Recreio 13 de Setembro de 1913, bem como com o Município de Sobral de Monte Agraço e com o Centro de Interpretação das Linhas de Torres, na organização do evento denominado "Crónica de uma (quase) Batalha!", integrado na comemoração do Dia Nacional das Linhas de Torres.

Como é do conhecimento de todos, esteve em causa uma cerimónia com um simbolismo muito especial, associado à evocação da memória da monumental obra de arquitetura militar apelidada usualmente de Linhas de Torres Vedras, que desempenhou um papel fundamental na defesa e preservação da soberania nacional, no decurso da chamada Terceira Invasão Francesa de Portugal.

Para além disso, esteve em causa um evento cuja organização esteve integrada na chamada Plataforma Intermunicipal para as Linhas de Torres, que é um organismo que integra um conjunto considerável de Municípios, que tem precisamente por objetivo essencial a salvaguarda e recuperação desta estrutura defensiva.

É de facto fantástico assistir e colaborar nesta conjugação de esforços, que envolve múltiplas entidades públicas e privadas, no sentido da preservação e divulgação desta importante vertente do património histórico-cultural nacional!

 

O início do evento ficou marcado pelo habitual desfile histórico-militar pelas ruas de Sobral de Monte Agraço, até aos Paços do Concelho, para realização da cerimónia do Içar da Bandeira e o toque do Hino Nacional.

 

Esta cerimónia contou com a presença do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Sobral de Monte Agraço, o Sr. Eng. José Alberto Quintino, a quem foram apresentados todas as associações e grupos de recriação histórica presentes neste evento, integrados na Associação Napoleónica Portuguesa.

 

 Do decurso desta cerimónia procede-se à colocação de uma coroa de flores junto aos Paços do Concelho, evocando o contributo e o papel fundamental do povo português, na construção das Linhas de Torres.

 

No período da tarde foi desenvolvido um conjunto de atividades culturais no Forte do Alqueidão, envolvendo diversas componentes, associadas designadamente a um acampamento histórico-militar, bem com a uma simulação da construção dos fortes, entre outras atividades.


E claro que não podia faltar uma tenda com algumas deliciosas especialidades gastronómicas de época, recriada pelas fadas culinárias de Sobral de Monte Agraço!

 

Como não podia deixar de ser, as elegantes damas do GRHMA também marcaram presença neste evento, deslumbrando o público presente com os seus refinados vestidos de época.

 

Em abono da verdade, não se pode dizer que o GRHMA possui o monopólio das senhoras elegantes, conforme se pode verificar através das imagens supra...




Mas claro que o foco das atenções esteve todo nos valentes soldados do Batalhão de Artilharia do Sobral, que não só estavam a "jogar em casa", como tiveram a oportunidade para mostrar aos seus conterrâneos as suas qualidades técnicas e táticas, associadas ao manuseamento de peças de artilharia.

 

E uma vez mais, o Forte do Alqueidão ficou povoado de fantásticas peças de artilharia, dando a conhecer a todas as comarcas circundantes que em Sobral de Monte Agraço é muito viva e dinâmica a preocupação pela preservação do respetivo património histórico-cultural!

 

Tivemos ainda uma situação singular relacionada com o nosso soldado de infantaria Palanca, que a certa altura descobriu uma nova vocação, associada a observação dos movimentos das tropas adversárias, através do uso de um óculo de época.

Pelos vistos, ninguém conseguia observar tão bem o "inimigo", como o nosso amigo Palanca...


E aqui temos o "inimigo", que neste evento foi representado pelos nossos camaradas e amigos da Associação para a Memória da Batalha do Vimeiro, que também recriam uma unidade de infantaria de linha francesa.

Todavia, por muito bem escondidos que estivessem, os soldados franceses foram sempre "descobertos" pelo nosso soldado Palanca, com o seu óculo especial...


Como era previsível, a valentia e a coragem do exército luso-inglês foi suficiente para defender o Forte do Alqueirão dos avanços do exército imperial francês!

É necessário sublinhar que os combates histórico-militares desenvolvidos no decurso deste evento no Forte do Alqueidão tiveram exclusivamente como objetivo proporcionar ao numeroso público presente neste evento precisamente uma demonstração deste tipo de ações, porquanto neste local propriamente dito não chegaram a realizar-se combates.

Uma descrição sumária acerca dos vários combates realizados na zona envolvente das Linhas de Torres Vedras, neste período histórico, pode ser encontrado AQUI.

 

Na noite de sábado foi realizada uma cerimónia de agradecimento no Cine-teatro de Sobral de Monte Agraço, com a entrega de uma prenda simbólica aos representantes de todas as associações e grupos presentes neste evento, onde se incluiram duas associações culturais provenientes de Espanha.

Conforme já tivemos oportunidade de manifestar às pessoas diretamente responsáveis, este evento foi do agrado de todos os recriadores históricos presentes, que se sentiram muito bem recebidos e acolhidos em Sobral de Monte Agraço, por todas as pessoas envolvidas na respetiva organização

Este evento teve o indispensável enquadramento histórico-cultural; os locais onde foram desenvolvidas as várias ações reuniam todas as condições para o efeito; foram proporcionados aos recriadores históricos condições adequadas ao nível do alojamento e das refeições; foram fornecidas e estavam atempadamente disponíveis todas as necessárias condições logísticas, para permitir um desenvolvimento pontual e adequado de todas as vertentes do programa.

Quem conhece por dentro a organização deste tipo de eventos sabe que estes resultados só acontecem quando existe zelo, interesse e dedicação, por parte de todos os elementos integrados na respetiva organização, sendo por isso devido o necessário reconhecimento e agradecimento ao Município de Sobral de Monte Agraço, na pessoa do Sr. Eng. José Alberto Quintino, ao Centro de Interpretação das Linhas de Torres, na pessoa da Srª Drª Sandra Oliveira, bem como a todos os(as) nossos(as) amigos(as) da Associação de Cultura e Recreio 13 de Setembro de 1913, para além de todos os demais elementos direta ou indiretamente associados à organização deste fantástico evento.

Por último, mas não em último, este evento demonstrou também o interesse e a pertinência da integração do Município de Sobral de Monte Agraço na chamada REDE IBÉRICA NAPOLEÓNICA, que congrega um cada vez maior número de municípios portugueses e espanhóis e que possui um potencial muito interessante ao nível da projeção além-fronteiras deste património cultural, numa perspetiva do desenvolvimento turístico (Turismo Histórico-militar) e do indispensável desenvolvimento económico que ao mesmo pode estar associado.

É também nesta perspetiva que se vem entendendo que a atividade do Grupo de Reconstituição Histórica do Município de Almeida deve ser cada vez mais direcionada à promoção dos interesses e dos objetivos que estão inerentes à REDE IBÉRICA NAPOLEÓNICA, de molde a focalizar e a gerir da melhor maneira possível a disponibilidade e a generosidade dos(as) nossos(as) fantásticos(as) associados(as).


Na verdade, esta disponibilidade e generosidade dos nossos elementos civis e militares, ficou uma vez mais demonstrada através de uma participação maciça neste evento, que teve lugar no final de semana imediatamente seguinte ao exigente evento realizado em Astorga, Espanha, implicando que vários dos nossos elementos tivessem saído e regressado aos seus domicílios de madrugada, de molde a estarem presentes no Sobral, no dia de sábado.


ALMA ATÉ ALMEIDA!


Autoria das imagens: Carlos Marques, AMBV, António Pereira, António Lúcio, Armando Rui.


Pedro Casimiro