sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Mostra temporária no Museu Histórico-Militar de Almeida (1-1-2019 a 30-3-2019): "Práticas de Assistência aos Feridos nas Campanhas Peninsulares"

Caríssimos(as),

Aqui fica uma nota relativa a um evento a não perder, com o selo de qualidade do Museu Histórico-militar de Almeida!

Trata-se de exposição temporária evocativa das práticas médicas e cirúrgicas durante a Guerra Peninsular, que evidencia a precariedade (pelos padrões da modernidade) das condições de higiene e de trabalho dos profissionais de saúde do início do séc. XIX.

Nesta exposição estará patente um conjunto de elementos que irão contribuir para avaliar as práticas cirúrgica utilizadas, de natureza curativa e preventiva, relativamente à maioria das maleitas que afligiam os soldados, bem como alguns tratamentos possíveis e aplicados aos ferimentos infligidos em combate durante as Campanhas Peninsulares, com destaque especial para os instrumentos de amputações, trepanações e de exploração de feridas

Um dos grandes desafios para os serviços médicos nas guerras peninsulares foram as infeções  decorrentes de tratamentos tardios, motivados por inadequação da evacuação para o hospital de campo. Houve casos em que os feridos ficavam vários dias abandonados no campos de batalha, resultando na morte da maioria deles.
 
A exposição é constituída por uma mostra de materiais (réplicas) que nos remete para a prática cirúrgica e de enfermagem dos quais se destaca: a maca de lona e um estojo de transporte em madeira contendo vários instrumentos de cirurgia, componentes naturais (animais e vegetais) e químicos para a prática medicamentosa e farmacêutica e demais tratamentos. Esta mostra é acompanhada por uma panóplia de fotografias e textos que procuram contextualizar os objetos existentes. Esta exposição tem como principal missão enriquecer a Sala das Guerras Peninsulares do Museu Histórico-militar de Almeida, sendo esta uma realidade não explorada na exposição permanente.

A esmagadora maioria dos objetos em exposição pertence à coleção particular do nosso associado Joaquim Guedes, que amavelmente os cedeu para realização deste evento e que constituem um espólio verdadeiramente único, a nível nacional e internacional.

 Aqui fica mais um motivo para uma viagem até à magnífica fortaleza de Almeida!


Pedro Casimiro


sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

O Oficial Português do início do séc. XIX: descodificação do fardamento - 1


Caríssimos(as),

Uma das peças interessantes do fardamento do oficial do Exército Português, do início do séc. XIX, era a chamada Gola de Serviço, embora este não fosse um acessório exclusivamente usado por oficiais de nosso Exército.

(autoria da imagem: Histoarts)

Na verdade, tratava-se de uma peça de equipamento cuja origem estava usualmente associada ao equipamento de proteção (armadura) usado pelos cavaleiros medievais (sécs. XIV-XV), especialmente para proteger a zona da garganta e do pescoço, que foi evoluindo até ser integrado nos uniformes militares de diversos países, ao longo da História, no sentido de constituir um dos elementos simbólicos de identificação de um oficial.

(réplica executada e imagem cedida por Joaquim Guedes)

Em especial, no início do séc. XIX era usual a utilização de Golas de Serviço com o formato de um crescente, que podia ser mais aberto ou mais fechado, de acordo com os regulamentos militares em vigor.

Na imagem supra podemos ver uma réplica excelente (ou não fosse usada por mim...) de uma Gola de Serviço desta época histórica, do chamado modelo português, com um formato de crescente relativamente aberto, com as Armas Reais Portuguesas incrustadas, feitas em prata.
 
(réplica executada e imagem cedida por Joaquim Guedes)

(gola de serviço de formato/modelo britânico)

Nas duas imagens supra podemos ver dois formatos alternativos para a Gola de Serviço, de acordo com o formato/modelo usualmente utilizado pelo Exército Britânico, desta época histórica. A segunda imagem é alusiva a uma réplica de uma Gola de Serviço do séc. XVIII, usado por oficiais do Exército Britânico.

Na primeira imagem verifica-se que foi feita uma adaptação deste formato/modelo para uso por oficiais do Exército Português, mediante a aposição das Armas Reais Portuguesas, igualmente feitas em prata.

Pedro Casimiro