Caríssimos(as),
Por último, mas não em último, impõe-se a divulgação de informações técnicas relacionadas com o fardamento do soldado de artilharia que prestou serviço no Exército Português, no decurso da Guerra Peninsular.
Apesar de ser constituído apenas por 4 regimentos, o corpo de artilharia português prestou um serviço precioso e relevante neste conflito bélico, o qual foi sucessivamente reconhecido, designadamente pelo comando superior do Exército Luso-britânico.
(destacamento histórico-militar do Regimento de Artilharia nº 4, do GRHMA)
Tal como sucedia com a Infantaria e com a Cavalaria, os regimentos de artilharia estavam distribuídos por 3 divisões territoriais, pertencendo o Regimento de Artilharia nº 1 à Divisão Centro, os Regimentos nº 2 e nº 3 à Divisão Sul e o famoso Regimento de Artilharia nº 4 à Divisão Norte.
Para quem ainda não percebeu, uma das unidades recriadas pelo GRHMA é, precisamente, o Regimento de Artilharia nº 4!
À semelhança do que sucedia com as demais unidades integradas no Exército Português, também o fardamento dos regimentos de artilharia era confecionado em tecido de lã azul-escura (denominado azul prussiano ou azul ferrete).
O forro das casacas era de cor vermelha, sendo também dessa cor os vivos das mesmas. As casacas abotoavam à frente, com uma fileira de oito botões amarelos e que tinham, em baixo relevo, o número do regimento.
As barretinas usadas inicialmente eram do modelo português de 1806, tendo o número do regimento aberto, numa chapa de latão, por cima da pala e acima desta uma chapa oval com as Armas Reais, em alto-relevo.
O penacho (também designado pluma) da barretina era usado lateralmente, tendo na base o laço nacional, entrelaçado de cor azul e vermelha e os cordões, com borlas, eram feitos em lã, também, com as mesmas cores azul e vermelha.
No Inverno, as calças (também designadas pantalonas) eram de cor azul, feitas em tecido igual ao da casaca (lã). No Verão podiam ser usadas calças em linho branco cor de palha (cor marfim).
A partir dos anos de 1809 e 1810, com a chegada dos aliados ingleses e tendo e conta as contingências existentes ao nível da logística e abastecimentos, as barretinas foram gradualmente sendo substituídas pelo modelo inglês "stovepipe", mantendo a mesma tipologia a nível dos metais, mas deixando de existir, na barretina, os cordões e as borlas. Por seu lado, o penacho passou a ser usado na parte superior frontal da barretina, assim como o laço nacional.
Faria e Silva e Pedro Casimiro