segunda-feira, 6 de maio de 2013

Equipamento do soldado português do séc. XIX (Invasões Francesas) - Manta (de Minde)


(Exemplar de uma manta de Minde)

Depois de pensar nos capotes, nas sobrecasacas e nas noites frias do próximo acampamento histórico em que o GRHMA vai participar Espanha, para próximas comemorações do bicentenário da Batalha de Vitória (ocorrida em 21 de junho de 1813), onde o Regimento n.º 23 recebeu a mais alta distinção militar da altura, por bravura, aqui fica uma referência a mais uma peça de equipamento indispensável para o soldado: a manta.
 Os regimentos portugueses participantes nesta batalha foram agraciados com uma bandeira pelo Príncipe Regente Dom João, com as Armas Reais circundadas com a seguinte frase:
“Julgareis qual he mais excelente
Se ser do Mundo Rei, ou de tal gente”

Esta distinção seria conservada para memória, extinguindo-se à morte do último homem da batalha de Vitória, tenha ele sido oficial, oficial inferior ou soldado.

Esquecendo este à parte, vamos falar em mais um dos acessórios essenciais que faziam parte do equipamento do soldado da época:


AS MANTAS DE PANO DE MINDE
  

Após consulta do Plano de Uniformes de 1806 e de algumas listagens do Arsenal, verifica-se a existência  de compra e distribuição, pelo exército aos soldados, de mantas especificamente de uma aldeia freguesia de Minde, concelho de Alcanena, localizada no distrito de Santarém.

Não havendo nestas listagens quaisquer referências ou normativas quanto às cores utilizadas, partiu-se para uma consulta ao museu local, denominado "Museu Aguarela Roque Gameiro", na tentativa de encontrar referências históricas desta atividade, que deveria ser industrial, tal seria o volume das encomendas para o exército português.

Desta pesquisa resultou apenas uma pequena informação, dado que no museu não existe qualquer documento, memória ou oralidade deste fornecimento. O que nos foi dito é que anteriormente ao século XX apenas eram fabricadas as ditas "mantas pretas" que, paradoxalmente, podiam ter duas cores: o branco e o castanho, que eram as cores naturais das lãs. Podiam ter barras brancas ou castanhas, alternadas com a cor do fundo da manta.
   






(referência constante do Plano de Uniformes de 1806)


Aqui fica a sugestão de aquisição deste equipamento, por parte dos nossos soldados, com vista a promover (uma vez mais) o rigor histórico nesta nossa atividade.


Eugénia Guedes

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Heráldica do GRHMA




DESCRIÇÃO DO SÍMBOLO ADOPTADO PARA O GRHMA

O simbolo adoptado pelo nosso Grupo de Reconstituição Histórica do Município de Almeida (GRHMA) corresponde ao escudo frontal do Edifício do Corpo da Guarda Principal, cuja construção se iniciou em 1791, e que constituí um belo exemplar de edificio militar, podendo ser considerado o edifício mais emblemático da originária Praça de Guerra de Almeida, que hoje alberga a Câmara Municipal da Vila.
O heráldico Álvaro Holstein faz a seguinte descrição do brasão deste edifício:
“De origem militar com armas plenas e de domínio real e motivos ligados à artilharia. O coronel ou coroa é real (que é pertença da coroa). Estas armas não têm paquife nem virol (raramente usadas em armas de domínio) e não usa suportes nem tenentes”.
Vejamos a descrição dos motivos que compõem o escudo:

- Coroa real de meados do século XVII princípios do século XIX (no reinado de D. João VI (1816-1826) foi colocada por detrás do escudo uma esfera armilar de ouro em campo azul, simbolizando o reino do Brasil, e sobre ela figurava uma coroa real fechada. Após a morte do Rei a esfera armilar foi retirada das armas, remetendo-se o símbolo real à expressão anterior, em que algumas das versões usaram um escudo elíptico, com o eixo maior na vertical);
- Quatro bandeiras de regimento;
- Dois canhões de calibres diferentes;
- Um morteiro
- Palamentas: lanadas, soquete e colher
- Terçado;
- Baioneta;
- Alabarda;
- Mosquete
- Patrona;
- Munições de diferentes calibres;
- Barril de pólvora;
- Caixa de Guerra (Tambor).

Terminologia:

Coroa ou Coronel - indica a categoria da entidade representada pelo brasão. É chamada de coroa, se corresponde a uma entidade com soberania e coronel nos restantes casos. Conforme o país ou a representação artística do brasão, a coroa ou coronel pode figurar sobre o elmo, sobre o pavilhão ou manto ou diretamente sobre o escudo.
Domínio representa uma entidade territorial não soberana.
Paquife - figuras de mantos, capa ou apenas correias, folhagens e plumagens, desenhadas acima e ao redor do elmo e que se espalha pelo escudo.
Virol - peça de tecido, colocada sobre o elmo e coroa. É feita de duas cordas entrelaçadas.
Suportes e tenentes - são figuras que suportam o escudo. São chamados tenentes se representam seres humanos e suportes nos restantes casos. Normalmente são representados aos pares, um de cada lado do escudo. Ocasionalmente pode ser representado apenas um, atrás do escudo.


Eugénia Guedes e Paulo Amorim



Rondas & Sentinelas - dia 27 de abril de 2013


 Caríssimos,

 Conforme podem constatar, por estes dias não tem havido descanso para os nossos soldados!

Pois é, no passado dia 27 de abril as tropas voltaram a estar de serviço, desta vez em atividades de rondas e sentinelas nas portas da fortaleza de Almeida (portas exteriores de S. Francisco). Isto ficou a dever-se ao facto de os nossos Serviços de Informação Militar terem recebido um aviso de que havia o risco da entrada de um espião francês, por esta altura, que tinha por objetivo angariar informações acerca do armamento e do dispositivo de defesa do GRHMA, para transmitir ao inimigo.

Todavia, os nossos soldados, com a sua habitual diligência e bravura, conseguiram impedir esse objetivo, embora pelos vistos não tenham conseguido impedir a passagem de todas as turistas simpáticas que por lá apareceram...


Aqui podemos ver o nosso sargento Coelho, do Regimento de Infantaria nº 23, a distribuir as esquadras de infantaria pelas portas da fortaleza.


E como o nosso sargento já sabe como as coisas são, aqui o temos a advertir com severidade os soldados acerca dos seus deveres enquanto em serviço de sentinela, designadamente para evitar que estes se distraíssem a olhar para as turistas...



Postura e atenção: são os requisitos essenciais para tropas em serviço de guarda e sentinela.


Esta em causa mais uma atividade de divulgação cultural que foi proposta ao GRHMA pelo Município de Almeida, e à qual os nossos soldados aderiram com entusiasmo.

Pretende-se que esta iniciativa tenha uma natureza periódica no período de primavera/verão, com realização no último sábado de cada mês, demonstrando por esta via o dinamismo e a vontade que existe na formosa Vila de Almeida, no sentido da preservação e dinamização do seu património histórico-militar.

Pedro Casimiro