quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

O Soldado de Cavalaria Português do início do sec. XIX: descodificação do fardamento.


Caríssimos(as),

Tendo o nosso amigo e Presidente da ANP, Eng. Faria e Silva, escutado o apelo de colaboração que foi enviado, vamos ter a possibilidade de colocar aqui mais um post que contém algumas informações interessantes de natureza histórico-militar, desta vez relacionadas com a arma de cavalaria, para complementar as anteriores publicações relativas à Infantaria e aos Caçadores.

Tal como sucedeu com a Infantaria, na sequência da reorganização do Exército Português realizada no ano de 1806 (Decreto de 19 de Maio de 1806), os regimentos de cavalaria estavam distribuídos por Divisões Militares (Norte, Centro e Sul), sendo perfazendo um total de 12 regimentos.


Na imagem supra podemos ver o nosso camarada Jóni Pires, com o seu fardamento do Regimento de Cavalaria nº 11, unidade esta que esteve também aquartelada na fortaleza de Almeida, no decurso da Guerra Peninsular, sendo por esse motivo este regimento também recriado pelo Grupo de Reconstituição Histórica do Município de Almeida.

Este foi um dos regimentos que sofreu as vicissitudes decorrentes da Primeira Invasão Francesa (1807), tendo sido licenciado em dezembro de 1807 e apenas restabelecido como unidade operacional no mês de outubro de 1808.

As fardas dos Regimentos de Cavalaria eram igualmente confecionadas com tecido de lã azul-escuro (azul prussiano ou azul ferrete). As casacas eram debruadas da mesma cor dos forros, consoante a Divisão a que pertenciam os regimentos, nos termos explanados no quadro supra. No caso do nosso Regimento de Cavalaria nº 12, as golas e os punhos são de cor azul celeste e o debrum é de cor vermelha, que é também a cor do forro da casaca.

As casacas abotoavam à frente, com uma fileira de 8 botões amarelos, os quais tinham, em baixo relevo, o número do regimento.

Os cascos (capacetes) dos cavaleiros (ilustrados na imagem supra) eram inicialmente do modelo 1806, tendo o número do regimento aberto numa chapa oval, feita em latão, colocada logo acima da pala.

O penacho ou pluma do casco era de cor vermelha, sendo usado lateralmente, tendo na base o laço nacional de cor azul ferrete e de cor vermelha. Os cordões possuíam borlas e eram feitos de lã, com duas cores entrelaçadas, sendo a cor base o azul ferrete e a cor variável a correspondente à Divisão territorial a que o regimento pertencia [ou seja, vermelho (Divisão sul), branco (Divisão centro), ou amarelo (Divisão norte)].

Os cavaleiros usavam botifarras de montar e calções, que apertavam logo abaixo do joelho e que, no inverno, eram de tecido igual ao da casaca (lã, de cor azul ferrete) e no verão podiam usar calções em linho branco de palha (cor marfim).

A partir dos anos de 1810 e 1810, com a chegada dos aliados ingleses e com a integração das tropas portuguesas no Exército Luso-Britânico, razões logísticas e de abastecimento ditaram que vários regimentos de cavalaria portugueses passassem a utilizar uma barretina do tipo "bell top shako", semelhante à usada por alguma cavalaria inglesa, mantendo no entanto a mesma tipologia ao nível dos metais. Neste caso, o penacho e o laço nacional passavam a ser colocados na parte superior frontal da barretina.


Faria e Silva e Pedro Casimiro




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