quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O Soldado de Infantaria de Linha Português do início do sec. XIX: descodificação do fardamento.


Caríssimos(as),

Como o saber não ocupa lugar, aqui ficam algumas informações relacionadas com o fardamento e organização dos 24 Regimentos de Infantaria que estavam integrados no Exército Português, no início do séc. XIX e que combateram na Guerra Peninsular.

No quadro supra é possível visualizar a organização e distribuição dos vários Regimentos de Infantaria de Linha, por Brigadas e de acordo com as respetivas Divisões (Norte, Centro ou Sul) de origem.

Por exemplo:


O nosso Regimento de Infantaria nº 23 fazia parte da 4ª Brigada, juntamente com o Regimento de Infantaria nº 11 e estava integrado na Divisão Sul.

 Em termos operacionais, a esta Brigada foi ainda associado o Batalhão de Caçadores nº 7.


Por seu lado, o Regimento de Infantaria nº 19, que é recriado pelos nossos camaradas do Vimeiro, fazia parte da 3ª Brigada, juntamente com o Regimento de Infantaria nº 7 e estava integrado na Divisão Centro.

Em termos operacionais, a esta Brigada foi ainda associado o Batalhão de Caçadores nº 2.

E como descodificar e identificar as cores dos diversos fardamentos?

Vejamos:

As fardas dos Regimentos de Infantaria de Linha eram confecionadas com um tecido de lã azul-escuro (azul prussiano ou azul ferrete).
As casacas eram debruadas da mesma cor dos forros.
Ou seja:
- As casacas dos regimentos integrados na Divisão Sul (como, por exemplo, o RI nº 23), tinham forros interiores de cor vermelha e vivos da mesma cor.
- As casacas dos regimentos integrados na Divisão Centro (como, por exemplo, o R.I. nº 19), tinham forros interiores de cor branca e vivos da mesma cor.
- As casacas dos regimentos integrados na Divisão Norte (como, por exemplo, o R.I. nº 6), tinham os forros interiores de cor amarela e vivos da mesma cor.

As casacas abotoavam, à frente, com uma fileira de oito botões amarelos e que tinham, em baixo relevo, o número do regimento. Numa primeira fase, as barretinas eram do modelo português de 1806, tendo o numero do regimento aberto numa chapa de latão acima da pala, e por cima desta uma chapa oval com as Armas Reais em alto relevo.

Entre 1809 e 1810, com a chegada dos aliados ingleses, as barretinas foram gradualmente sendo substituídas pelo modelo inglês “stovepipe”, mantendo a mesma tipologia a nível de metais, mas deixaram de existir, na barretina, os cordões e borlas, e o penacho passou a ser usado na parte superior frontal da barretina, assim como o laço nacional. 

O penacho ou pluma, era usado lateralmente (na barretina modelo 1806) ou frontalmente (na barretina modelo 1810), tendo na base o laço nacional de cor azul ferrete e vermelho. Na barretina modelo 1806, os cordões, com borlas, eram de lã de duas cores, azul ferrete e a cor correspondente à Divisão a que o Regimento pertencia.

As companhias de granadeiros usavam, em vez da chapa oval por cima do número do regimento, uma granada em latão e no bordo das platinas franjas em lã, de duas cores, azul ferrete e a cor correspondente à Divisão a que o Regimento em que estavam integrados pertencia.
No Inverno as calças eram de tecido igual à da casaca e no Verão podiam usar calça em linho branco de palha (cor marfim).


Faria e Silva e Pedro Casimiro



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